O que cá se escreve não é para ser levado a sério!!!!

sábado, 9 de agosto de 2014

Os vermes estrebucham... e o Mestre Perverso passa...por: Mestre Perverso

Crónicas do Antro - XII
por: Mestre Perverso
 

 

Ora cá estamos, amiguinhas e amiguinhos! Como vai isso? E essas férias? Muito sol, descanso e animação nas Caraíbas? Ou anda tudo a banhos no Porto Santo? Se for este o caso, por favor evitem o "Bar do Henrique", que aquilo num raio de 500 metros é pior que o desastre ecológico do Aragón, aqui há uns 25 anos atrás.
 
Aqui o Mestre Perverso também anda a gozar um relativo descanso da azáfama (que é demasiada) da vida (que é muito curta), com longos períodos de repouso no seu quintal, à sombra do arvoredo e das sebes aparadas, numa espreguiçadeira à prova de acidentes, e a deleitar-se com proveitosas leituras, nomeadamente sobre o tema da época, o centenário da I Guerra Mundial, interveladas com abordagens sobre outros assuntos mais ligeiros e mundanos como é o caso dos impactos do Iê-Iê em Portugal nos anos 60 ou ainda as divertidas peripécias do banco bom e do banco mau, e as não menos deliciosas aventuras e desventuras do PS bom e do PS mau.
 
Ora, e precisamente por estar de descanso, nem sequer me vou alongar muito na crónica. Apeteceu-me apenas espicaçar umas alminhas que andam neste mundo (parece que também têm direito), e que muito se escandalizam com as opções e estilos de vida dos outros (regra geral, fazem-no sem antes olhar e reflectir sobre as suas próprias vidas, mas pronto, ninguém é perfeito, e essas criaturas ainda mais imperfeitas são, coitadinhas) que nem sequer entram em confronto com o que quer que seja, quanto mais com eles, a não ser com as suas concepções de caca.
Vem isto a propósito de um comentário feito à minhaúltima crónica, em que um anónimo achou por bem apelidar-me de "frustrado" e acusar-me de"bater em mulheres" (sic). Presumo que o indivíduo ou "indivídua" em questão se tenha baseado no facto de eu ser um praticante confesso e assíduo de BDSM, assunto que, aliás, até referi na referida crónica, a propósito da celebração do "Dia Internacional do BDSM" (24/07), no âmbito da qual participei numa... "acção temática", chamemos-lhe assim, que juntou pessoas de todo o País e que, acima de tudo, ficou marcada pela boa disposição, pelo divertimento e pelo são convívio (e umas ou outras nódoas negras, vergões e algumas partes do corpo doridas, mas pronto, faz parte...).
Se choquei alguma alma mais sensível ou púdica, quero lá saber. Para mim, dominar alguém é tão normal (se bem que cada situação e cada pessoa tenha um significado especial) como, sei lá, ir à missa, plantar árvores, fazer ponto de cruz ou passear pelas levadas e serras da Madeira. Já ando "nisto" há demasiado tempo para não ficar melindrado por comentários de gente absolutamente tapadinha, desinformada e com môfo na cabeça.
 
Sou frustrado?
Levo uma vida que, apesar de tudo, considero como sendo relativamente feliz. Enfim, também pago impostos a mais do que devia, ganho menos do que mereço, sou afectado pela crise, tenho obrigações a cumprir e responsabilidades a respeitar... mas pronto, isto sou eu e mais uns bons milhões de Portugueses. Tive uma infância feliz e sem traumas, tenho família, tenho amigos... Serei frustrado? Não me parece.
 
Bato em mulheres?
As minhas práticas no âmbito do BDSM vão desde punições físicas até dominação psicológica, entre outras que até nem vale a pena estar aqui a nomear (não vão as alminhas começarem a benzer-se e a rezar fervorosamente). Mas atenção, tudo é feito observando 5 factores essenciais no BDSM e que assumem mesmo o estatuto de regras incontornáveis: consentimento, consensualidade, sanidade, segurança e comunicação. "Bater em mulheres"? Até pode acontecer, sim, se por "bater" entender-se interacção física envolvendo punição corporal, que é antecipadamente debatida e aceite, e cuja administração é sempre, mas sempre, adequada, ponderada e controlada. E, claro está, que pode ser interrompida a qualquer momento, a pedido da parte que se submete.
 
Além disso, bem podem tirar o cavalinho da chuva se vão começar a alegar que o BDSM se resume apenas a sexo desenfreado, em orgias enquadradas por velas negras, correntes, pentagramas, chicotes e roupas de cabedal. Lamento, mas as coisas vão um nadinha para além disso. Aliás, podem nem sequer envolver nada do que a mitologia e os preconceitos têm por hábito enunciar, num desfile pernicioso, deturpado e completamente desajustado do que realmente acontece, e que surge mais como um produto de mentes doentes e mentecaptas do que da realidade.
 
Vocês, ó seus quadrados, podem abrir a boca de espanto, vociferar e bradar aos céus pela minha conduta, ameaçarem-me de tudo e mais alguma coisa, escarrapacharem as alarvidades mais abjectas nos vossos comentários que, apesar de tudo, são livres e permitidos neste blog (desde que, como já frisou a Placa Central, respeitem as regras básicas). Mas pensam que isso me faz mossa?
 
Sou Dominador. Prazer & dor, heaven & hell, so one, and so one, e por aí adiante...; sou severo, sim, exigente também, mas igualmente justo e, por vezes, carinhoso mas sem lamechices babosas... se bem que ainda me possam ver a passear com uma sub de mão dada pelo jardim; mas, mesmo que tal aconteça, o mais certo é que, a dada altura, mais cedo ou mais tarde, eu pare, olhe para ela, passe a ponta da chibata pelos seus ombros e diga, enquanto lhe massajo o mamilo entre as pontas dos meus dedos... "Get on your knees... darling...".
Sou Dominador... e depois? Há azar? "Tarado", "perverso", "bandido", "devasso", "doente mental", "libertino", "psicopata", "corruptor de costumes", "predador", "criminoso", "ameaça à sociedade", etc., etc., etc.... já conheço os "mimos" todos das cabecinhas preconceituosas cá do burgo, mas isso, minhas amigas e meus amigos, é coisa que me passa ao lado; vão por mim, bem podem estrebuchar e guinchar, que isso só me diverte, é da maneira que durmo mais descansado. Informem-se, que essa azia depois passa; se não passar, então é mau sinal, e aí temos pena mas já não há nada a fazer, a vida é assim mesmo, uns morrem, outros evoluem e outros ainda ficam assim, e vocês, coitados, ficaram assim... não se pode ter tudo.
 
Vá, vivam as vossas vidas e o importante é que todos se divirtam, já que a vida são só dois dias. E como disse a Placa Central aqui há uns dias atrás,"gozem a vida, meus queridos, gozem-na toda"; sábias palavras...
 
E para rematar, ou não fosse este o trailler mais visto no Youtube, já a abrir os apetites a tanta senhora e menina que delira com um Mr. Grey só para si... Porque o "estado de graça" no BDSM não se resume apenas a chibatadas, ordens e estímulos sensoriais... também pode ser amor, paixão e romantismo.
 

      

(cuidado, alminhas sensíveis, não vão estar entre essas senhoras e meninas as vossas mães, as vossas mulheres, as vossas irmãs ou as vossas filhas)


Cordiais saudações do Vosso
 
Mestre Perverso

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