Crónicas do Antro -
XII
por: Mestre Perverso
por: Mestre Perverso
Ora cá
estamos, amiguinhas e amiguinhos! Como vai isso? E essas férias? Muito sol,
descanso e animação nas Caraíbas? Ou anda tudo a banhos no Porto Santo? Se for
este o caso, por favor evitem o "Bar
do Henrique", que
aquilo num raio de 500 metros é pior que o desastre ecológico do Aragón, aqui há uns 25 anos atrás.
Aqui o
Mestre Perverso também anda a gozar um relativo descanso da azáfama (que é
demasiada) da vida (que é muito curta), com longos períodos de repouso no seu
quintal, à sombra do arvoredo e das sebes aparadas, numa espreguiçadeira à
prova de acidentes, e a deleitar-se com proveitosas leituras, nomeadamente
sobre o tema da época, o centenário da I Guerra Mundial, interveladas com
abordagens sobre outros assuntos mais ligeiros e mundanos como é o caso dos
impactos do Iê-Iê em Portugal nos anos 60 ou ainda as divertidas peripécias do
banco bom e do banco mau, e as não menos deliciosas aventuras e desventuras do
PS bom e do PS mau.
Ora, e
precisamente por estar de descanso, nem sequer me vou alongar muito na crónica.
Apeteceu-me apenas espicaçar umas alminhas que andam neste mundo (parece que
também têm direito), e que muito se escandalizam com as opções e estilos de
vida dos outros (regra geral, fazem-no sem antes olhar e reflectir sobre as suas
próprias vidas, mas pronto, ninguém é perfeito, e essas criaturas ainda mais
imperfeitas são, coitadinhas) que nem sequer entram em confronto com o que quer
que seja, quanto mais com eles, a não ser com as suas concepções de caca.
Vem
isto a propósito de um comentário feito à minhaúltima crónica, em que um anónimo
achou por bem apelidar-me de "frustrado" e
acusar-me de"bater
em mulheres" (sic). Presumo que o indivíduo ou "indivídua" em
questão se tenha baseado no facto de eu ser um praticante confesso e assíduo de
BDSM, assunto que, aliás, até referi na referida crónica, a propósito da
celebração do "Dia Internacional do BDSM" (24/07), no âmbito da qual
participei numa... "acção temática", chamemos-lhe assim, que juntou
pessoas de todo o País e que, acima de tudo, ficou marcada pela
boa disposição, pelo divertimento e pelo são convívio (e umas ou outras
nódoas negras, vergões e algumas partes do corpo doridas, mas pronto, faz
parte...).
Se
choquei alguma alma mais sensível ou púdica, quero lá saber. Para mim, dominar
alguém é tão normal (se bem que cada situação e cada pessoa tenha um
significado especial) como, sei lá, ir à missa, plantar árvores, fazer ponto de
cruz ou passear pelas levadas e serras da Madeira. Já ando
"nisto" há demasiado tempo para não ficar melindrado por comentários
de gente absolutamente tapadinha, desinformada e com môfo na cabeça.
Sou
frustrado?
Levo
uma vida que, apesar de tudo, considero como sendo relativamente feliz. Enfim,
também pago impostos a mais do que devia, ganho menos do que mereço, sou
afectado pela crise, tenho obrigações a cumprir e responsabilidades a
respeitar... mas pronto, isto sou eu e mais uns bons milhões de Portugueses.
Tive uma infância feliz e sem traumas, tenho família, tenho amigos... Serei
frustrado? Não me parece.
Bato
em mulheres?
As
minhas práticas no âmbito do BDSM vão desde punições físicas até dominação
psicológica, entre outras que até nem vale a pena estar aqui a nomear (não vão
as alminhas começarem a benzer-se e a rezar fervorosamente). Mas atenção, tudo
é feito observando 5 factores essenciais no BDSM e que assumem mesmo o estatuto
de regras incontornáveis: consentimento, consensualidade, sanidade, segurança e
comunicação. "Bater em mulheres"? Até pode acontecer, sim, se por
"bater" entender-se interacção física envolvendo punição corporal,
que é antecipadamente debatida e aceite, e cuja administração é sempre, mas sempre,
adequada, ponderada e controlada. E, claro está, que pode ser interrompida a
qualquer momento, a pedido da parte que se submete.
Além
disso, bem podem tirar o cavalinho da chuva se vão começar a alegar que o BDSM
se resume apenas a sexo desenfreado, em orgias enquadradas por velas negras,
correntes, pentagramas, chicotes e roupas de cabedal. Lamento, mas as
coisas vão um nadinha para além disso. Aliás, podem nem sequer envolver nada do
que a mitologia e os preconceitos têm por hábito enunciar, num desfile pernicioso,
deturpado e completamente desajustado do que realmente acontece, e que
surge mais como um produto de mentes doentes e mentecaptas do que da
realidade.
Vocês,
ó seus quadrados, podem abrir a boca de espanto, vociferar e bradar aos céus
pela minha conduta, ameaçarem-me de tudo e mais alguma coisa, escarrapacharem
as alarvidades mais abjectas nos vossos comentários que, apesar de tudo, são
livres e permitidos neste blog (desde que, como já frisou a Placa Central,
respeitem as regras básicas). Mas pensam que isso me faz mossa?
Sou
Dominador. Prazer & dor, heaven
& hell, so one, and so one, e por aí adiante...; sou severo, sim, exigente também, mas
igualmente justo e, por vezes, carinhoso mas sem lamechices babosas... se bem
que ainda me possam ver a passear com uma sub de mão dada pelo jardim; mas,
mesmo que tal aconteça, o mais certo é que, a dada altura, mais cedo ou mais
tarde, eu pare, olhe para ela, passe a ponta da chibata pelos seus ombros e
diga, enquanto lhe massajo o mamilo entre as pontas dos meus dedos... "Get on your knees... darling...".
Sou
Dominador... e depois? Há azar? "Tarado", "perverso",
"bandido", "devasso", "doente mental",
"libertino", "psicopata", "corruptor de
costumes", "predador", "criminoso", "ameaça à
sociedade", etc., etc., etc.... já conheço os "mimos" todos das
cabecinhas preconceituosas cá do burgo, mas isso, minhas amigas e meus amigos,
é coisa que me passa ao lado; vão por mim, bem podem estrebuchar e guinchar,
que isso só me diverte, é da maneira que durmo mais descansado. Informem-se,
que essa azia depois passa; se não passar, então é mau sinal, e aí temos pena
mas já não há nada a fazer, a vida é assim mesmo, uns morrem, outros evoluem e
outros ainda ficam assim, e vocês, coitados, ficaram assim... não se pode ter
tudo.
Vá, vivam
as vossas vidas e o
importante é que todos se divirtam, já que a vida são só dois dias. E como disse a Placa
Central aqui há uns dias atrás,"gozem
a vida, meus queridos, gozem-na toda"; sábias palavras...
E para
rematar, ou não fosse este o trailler mais visto no Youtube, já a abrir os apetites a tanta senhora e menina que delira
com um Mr. Grey só para si... Porque o "estado de graça" no BDSM não
se resume apenas a chibatadas, ordens e estímulos sensoriais... também pode ser
amor, paixão e romantismo.
(cuidado, alminhas sensíveis, não vão estar entre essas senhoras e meninas as vossas mães, as vossas mulheres, as vossas irmãs ou as vossas filhas)
Cordiais
saudações do Vosso
Mestre
Perverso
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