Crónicas do Antro - XIII
por:
Mestre Perverso
Ora cá
estamos, leitoras e leitores e demais fauna bloguística! Espero que estejam a
ter uma boa existência, que isto já se sabe: nasce-se e daí a nada, "já
fostes".
A
Placa Central é que anda numa onda muito introspectiva, e eu até já a convidei
para brincarmos um bocadinho ao "Quarto Vermelho da Dor" (estou farto
de lhe dizer que ela dava uma excelente Anastacia; lá jeitinho para morder o
lábio e revirar os olhos não lhe falta) a ver se espevita, mas ela diz que
quartos vermelhos só com pintas brancas, e pessoalmente acho que é um bocado
anti-clímax, dar de caras com um cenário daqueles, tão à Rata Minie. Assim como
assim, também não sei porque raio é que lhe faz espécie um quarto pintado de
vermelho, já que conto mantê-la vendada... Mas enfim, manias.
Setembro
chegou, e com ele caíram uns pinguinhos que mal deram para refrescar (para
isso, era coisa de chover copiosamente durante duas a três horas, só que nesse
caso, tínhamos aí uma desgraça que não era brincadeira nenhuma), mas que
ajudaram a levantar não só mais calor mas igualmente um intenso odor a urina
que se fez sentir pelo Funchal, o que só prova o estado a que chegou a outrora
exemplar eficácia dos serviços municipais de salubridade urbana. Ó Idalina,
filha... QUE RAIO ANDAS TU A FAZER NA CÂMARA??? Limpar a cidade não é coisa que
se faça só no Natal, para a festa; é TODO O ANO!!! Percebes? Ah!, e usa água,
muita água, especialmente nas esquinas e sarjetas.
Lá só
porque na tua casa seja assim, não quer dizer que tenhas que
fazer a mesma coisa à cidade.
O Verão costuma ser designado por "silly season", a estação das tolices, dada a frequente ocorrência de diversos episódios e situações, especialmente entre as classes dirigentes e os "socialites", nesta época que é dada a férias, descontracção, descanso, informalidade...Contudo, é de notar que este Verão está pouco dado a tolices, exceptuando os casos crónicos, muito frequentes no nosso País (e na Madeira, especialmente). E mesmo esses têm sido relativamente comedidos nos seus desvarios. Parece que a luta pela cadeira do poder no PSD anda a fazer esta malta ficar atinandinha e atenta.
E lá
tivemos mais um "Dia da Cidade"; parabéns, Funchal, 506 anos a
aguentar trampa é obra! Só que este não foi um "Dia da Cidade"
qualquer, não senhores. Desta vez tivemos a Muuudança a mandar nas coisas (ou a
fazer de conta que manda). Registou-se uma ou outra gaffezinha, nada de
esotérico, mas vá lá que o Bento estava sóbrio e o Iglésias andava controlado.
Além disso, as secretárias afadigaram-se para que tudo corresse pelo
melhor, e notou-se isso. Aquelas pequenas (pelo menos as que trabalham) merecem
um aumento e uma semana de férias pagas em Palma de Mallorca ou, caso as finanças
andem nas lonas, no Paul do Mar.
Uma
palavra de apreço também para a bendita paz causada pela ausência daqueles que
já não estão "entre eles" e que não fazem lá falta: Luísa Clode com o
seu ar de abetarda (o que tanto me fizeste rir, Luisinha... por favor, não
deixes de ser como és), Filipa Jardim Fernandes e o seu semblante de eterna
indisposição (querida, um clister de água morna mentolada seguido de uma sessão
de chibata fazia-te maravilhas ao humor), Gil Canha e as suas ameaças (já não
metes medo a ninguém, rapaz... ladravas, ladravas, mas...) e Edgar Marques da
Silva com os seus fatos de casamento reluzentes (já te basta a careca, não
precisas de andar assim vestido e pôr em perigo a vida dos automobilistas).
E
sendo as coisas ao ar livre, ainda melhor; mais um ano naquela estufa e era o
fim! Infelizmente, houve muita gente que não percebeu bem que, mesmo sendo numa
tenda, no exterior, aquela continuava a ser uma cerimónia solene. Vai daí, e
achando que iam para um mega-piquenique do Continente, para o arraial do Loreto ou mesmo para a night (mas
num sítio bem xunga, que há ali pessoal que por mais que queira ser jacaré,
nunca passará de lagartixa), toca a ir "na boa", num registo o mais
informal possível, como se não estivessem a representar uma entidade que, não
obstante certas coisas, ainda merece toda a dignidade e respeito que lhe são
devidos. Há gente que não se enxerga...
Desta
vez todos botaram faladura (só faltou o representante dos funcionários ir ao
palanque alertar para a necessidade de imporem as 35 horas). E como eram
muitos, o Governo Regional lá prescindiu do seu tempo de antena, o que fica
sempre bem e contribui para melhorar o ambiente, uma atitude que se
torna ainda mais significativa porque não se gastaram inutilmente verbas do
erário público a pagar viagens Porto Santo - Funchal - Porto Santo só por causa
de um par de horas ao sol. Mas ainda sobre as intervenções... Fraquinhas, muito
fraquinhas, cada uma pior que a outra. Anda a faltar inspiração a esta gente.
Desiludiu-me muito particularmente a participação da CDU; costuma ser a força
política com os melhores tribunos e com as intervenções mais interessantes e
acutilantes em relação ao poder instituído e à situação vivida, só que desta
vez saldou-se por algo insonso, banal mesmo. Mas o que foi aquilo??? Não se
arranjava melhor? Ou será que perderam a inspiração nas mudanças da Rua da
Carreira para a Rua João de Deus? E eu que estava a contar com uma série de
farpas bem metidas, inteligentemente direccionadas, capazes de pôrem muitos
senhor da praça a remexerem os seus anafados rabos nas cadeiras, de tanto
incómodo pelo que estavam a ouvir. Aliás, já o discurso da CDU nas
celebrações do 25 de Abril foi assim algo... como dizer?... Chato? Desenxabido?
Requentado? Para encher chouriços?
Se a coisa se repete, nunca mais volto a assistir a essas sessões. Perder tempo por perder tempo, mais vale ver a tinta a secar na parede. Por isso, ó senhores, toca a arranjar paleio como deve ser. E isto é para todos menos para o Rodrigo Trancoso, porque daquele não se pode esperar muito, coitado, está ali enfiadinho para lamber o bombom que o PS estendeu ao BE para não haver ondas no que resta da Muuudança...
Se a coisa se repete, nunca mais volto a assistir a essas sessões. Perder tempo por perder tempo, mais vale ver a tinta a secar na parede. Por isso, ó senhores, toca a arranjar paleio como deve ser. E isto é para todos menos para o Rodrigo Trancoso, porque daquele não se pode esperar muito, coitado, está ali enfiadinho para lamber o bombom que o PS estendeu ao BE para não haver ondas no que resta da Muuudança...
Em contrapartida, já o PNR parece ser o novo foco dinamizador da palhaçada nesta terra; cuidado, PTP e PND, já têm concorrente à altura! Será que teremos aquela malta gira a desfilar na Funchal Gay Pride Parade, vestidos com uns lederhosen enfeitados com suásticazinhas cor de rosa, encabeçados pelo Mário Machado? Sei de um murganho pelado que já deve estar a dar pulinhos de contentamento... Se bem que combinar lederhosen com passa-montanhas e camisolas do Belenenses dê num enorme desastre visual que nem sequer a Quercus pega naquilo.
O PSD é que não ata nem desata, com tanta oferta. "Quando a esmola é muita, o pobre desconfia", diz o Povo e com razão, e depois de quase 40 anos sempre com a mesma cara à frente, eis que temos agora nada mais, nada menos que 6 (ou 5, que o Jaime Ramos pai não se decide) candidatos ao poleiro, perdão, à liderança. Não sei porquê, mas algo me diz que o Johnnie Walker continuará a ser uma presença constante no camarim VIP dos bastidores da Festa do Chão da Lagoa por muitos e bons anos. É que, mesmo com as maroteiras, há amizades que não se esquecem...
Mas,
como eu dizia, esta silly season está longe de ser silly, e muito menos lá fora: guerra na Palestina,
guerra no Iraque e na Síria, guerra na Líbia, guerra na Ucrânia, Ébola em
África, vulcões na Islândia... Comparado com isto, a crise no BES, a situação no PS, as tricas no Governo e as maminhas e
rabinhos das estrelas à solta na Net depois de se terem pirateado inúmeras
contas de famosos nas clouds são peanuts já descascados e à espera de servirem
de aperitivo com uma imperial bem fresquinha (mas que seja Super Bock, por favor, que a Coral está
uma m*rda).
Na
Palestina, é o que se sabe: Israel tem as zonas cercadas, sob embargo e
espartilhadas por um pesado jugo que tudo sufoca e que vai destruindo as populações,
e depois ainda se admiram que os palestinianos se revoltem. Semanas de
bombardeamentos, ataques a zonas civis e de concentração de refugiados,
centenas de mortos civis, repetidas violações às tréguas, confiscação de
território alheio... e a mentecapta da Esther Mucznik ainda quer fazer crer que
a posição de Israel é que é a correcta? Essa já não pega, rapariga. O espírito
de resistência do guetto de Varsóvia sobrevive na Faixa de Gaza, e os
perseguidos de ontem transformaram-se nos torcionários de hoje, tudo sob o
patrocínio de quem quer mandar no planeta.
No
Levante e Babilónia (que é como quem diz, na Síria e no Iraque), temos o ISIS a
estender o seu manto de obscurantismo por uma vasta área, assumindo-se como um
califado definido por delírios fundamentalistas do piorio. Toda a porcaria vai
lá parar, até mesmo portugueses (segundo os dados oficiais, são 12, mas
certamente serão mais alminhas), e os Estados Unidos e restante maralha
continuam a tratar da coisa com paninhos quentes, ou não fossem eles parte do
problema (pois, quem é que deu cabo da ordem estabelecida na zona? Ah pois...).
Mas a vida tem destas coisas: tudo indica que o Ocidente terá que dar a mão à
palmatória e assumir apoios à Síria (simplesmente delicioso, esta reviravolta
do destino) e ao Irão para que possam actuar no terreno contra o ISIS, já que a
situação não se resolve apenas e só com ataques aéreos (típico... o trabalho
sujo fica sempre para os outros).
A
Líbia é outro belo exemplo da ingerência externa. Todos os dias são dias de
festa, com petardos, bombas, ataques, duelos de artilharia, mortos e feridos. É
o descalabro total e como se já não bastasse uma Somália no Corno de África,
agora estamos perante nova Somália, mas nas costas do Mediterrâneo, com
tudo o que isso implica para a segurança daquela zona. Khaddafi podia ser o que
era (tal como Saddam Hussein), mas ao menos o povo líbio vivia relativamente
bem, não havia confusão e a Europa podia ter um parceiro de importância vital
naquela zona. E agora? É o que se vê.
A Ucrânia
tal como a conhecemos actualmente poderá deixar de existir a curto prazo, já
que com a pedalada dos independentistas pró-russos, é uma questão de meses até
termos ali uma generosa parte de território a fazer a ligação da Rússia à
Crimeia, a historicamente designada "Nova Rússia" e sem quaisquer
ligações administrativas a Kiev. O Ocidente anda a brincar com o fogo, à conta
dos embargos à Rússia, pois enquanto estamos no Verão, está tudo bem, mas
parece que se esqueceram de um detalhe: o Inverno costuma ser frio e o gás
vindo de Leste dá muito jeito; coisa pouca, como se percebe pela relativa calma
com que se decretam sanções à Rússia. Além disso, há imensas produções,
indústrias e serviços ocidentais que dependem do mercado russo, e os lesados já
estão a clamar por indemnizações dos governos, ao mesmo tempos que outros
países produtores, tais como na América Latina, África e Ásia, já esfregam as
mãos de contentes, com a perspectiva de poderem ocupar os lugares abandonados
pelos importadores europeus e norte-americanos. Se eu fosse crente, até diria
que Deus não fecha uma porta sem abrir uma janela (de oportunidades)... Agora,
há que aproveitar. E isto para já não falar da importância da Rússia para o
"esforço de guerra" contra o fundamentalismo islâmico no Médio
Oriente e Ásia Central; o Ocidente vai desperdiçar a hipótese de poder contar
com um aliado destes, que tanto jeito pode dar para limpar os resultados das
asneiras ocidentais?
Em
África, é a desgraça do costume. Como se já não bastassem os conflitos, a fome,
a miséria e a ingerência externa, os nativos ainda têm que se confontar com uma
epidemia que é, tão somente, uma das mais graves da história contemporânea,
cuja perigosidade é ainda mais potenciada pela facilidade com que se
actualmente processam os fluxos de movimentos internacionais e
intercontinentais. Como se já bastasse tudo, ainda tinha que aparecer esta
porra do Ébola.
A
menos que solução esteja nas erupções dos vulcões islandeses, que podem fazer
parar o tráfego áereo quase à escala global (não deixa de ser engraçado que na
Islândia, um país perdido lá nos confins e do qual pouco se ouve falar, é tudo
assim: os vulcões são de parar os aviões, as paisagens são de parar a
respiração, as mulheres são de parar o trânsito...). Menos viagens, menos
possibilidades de transmissão do vírus... mas uma soma astronómica de prejuízos
e danos. Life's a bitch, isn't?
Mas
pronto, calma... Nem tudo está perdido. Ainda é Verão, pelo menos até às 02h29
de 23 de Setembro, por isso o melhor é não ligar a estas coisinhas menos boas e
tentar aproveitar o resto da estação, com ou sem tolices.
Cordiais saudações
do
vosso Mestre Perverso
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