Crónicas do Antro - XVI
por: Mestre Perverso
Olá pessoal! Tudo catita? Tudo em cima? Corações ao alto? Ora assim é que é!
E parece que vem aí mais um Natal, não é verdade? Pois é, volta e meia, regra geral de ano a ano, é chegada esta altura da treta em que, de repente, quase toda a gente afirma estar possuída por um espírito qualquer, que lhes aquece a alma e faz sorrir ao próximo e alinhar em esquemas solidários, com chifres de rena a enfeitar-lhes as monas. E depois são aquelas luzinhas todas a piscar e as canções da treta que põem a poluir o espectro sonoro nas ruas, nas lojas, na rádio, na TV... eu sei lá! Para já não falar nas campanhas e publicidades... Uma pessoa de bem (como eu, por exemplo) não merece tal suplício, é desumano.
E dá a ideia que começa tudo cada vez mais cedo. Qualquer dia está a acabar a Páscoa e já se está a falar no Natal, nas prendas, nas compras, nos cabazes, nos jantares de confraternização e essas coisas.
E este ano temos uma polémica a apimentar a coisa. Confesso que nunca fui muito de ligar às iluminações de Natal, se calhar porque gosto de ter atenção aos sítios por onde ando e não sou dado a deslumbramentos, mas reconheço que são uma mais-valia para a terrinha. Da mesma forma que reconheço o facto de, este ano, a Secretaria Regional da Cultura, Turismo e Transportes ter feito caquinha (e isto para não dizer outra coisa) e se ter, pura e simplesmente, borrifado para as iluminações no Funchal. Olhar para o que usam com a intenção de tentar abrilhantar este ano a quadra cá pela cidade deve ser assim um regresso ao passado para algum imigrante da Albânia "nos bons velhos tempos" que esteja cá a fazer pela vida.
Dizem lá pela Secretaria que a empresa encarregue da instalações das iluminações ainda tem até ao dia 18 para resolver a coisa e cumprir com o caderno de encargos; não sei porquê, mas tenho cá as minhas sérias dúvidas que o problema tenha solução. Às tantas, se os trabalhadores da empresa passassem menos tempo a arrotar piropos de baixa extracção a tudo o que era mulher que passasse por eles e tivessem mais atenção ao que estavam a fazer, talvez as coisas estivessem mais compostas. Mas pronto, dá-se uma empreitada a qualquer um e vamos a ver...
Estranho é o profundo silêncio da Câmara Municipal em tudo isto. Não se lhe conhece qualquer reacção junto da Secretaria, a reclamar uma solução concreta para o problema. Até parece que lhes passa ao lado, que não é com eles, o que não é de admirar: com a Muuudança no poder, é tudo para pior.
Enfim... depois não se admirem que aumentem os casos de depressão natalícia e que as Urgências sejam o local mais procurado na véspera de Natal.
Seja como fôr, o Natal já não é o que era. Mais um exemplo? Pois cá vai: o PAN - Partido Amigo do Nada, lá fez pressão na Muuudança para impedir que circos com animais actuassem no concelho do Funchal. Já que não temos jardins zoológicos por cá, para muitas pessoas seria a melhor e a única forma de verem, ao vivo e a cores, animais mais exóticos e que, convenhamos, nem sempre encontramos ao virar da esquina. É que já bastava andarem por aí a alardear contra a "função do porco"... Mas aqui entre nós, assim que abrir o Mr. Piglet ali na Praça do Povo, ainda os apanhamos na bicha para as empadas, como aconteceu aqui há uns tempos, com o Rui Almeida, que batia no peito com aquele seu arzinho de alarve, garantindo que os filhinhos não comiam carne e depois foi localizado na fila do McDonalds para comprar a ração à prole.
Já repararam bem nesses ditos defensores dos direitos dos animais e da Natureza? Já viram que falam falam, falam falam, falam falam... mas não fazem nada? E quando se dignam a fazer alguma coisa... só dá porcaria. Lembram-se do condomínio para as ratazanas? Pois...
E quem fala do PAN também fala nessas associações que por aí pululam, dirigidas por gente radicalizada, extremista, pouco ciente da necessidade de garantir a higiene pessoal e sempre com aquele ar sonhador, um misto de Lucy in the sky with diamonds com Charles Manson. Por mim era atirá-los aos leões e ficar a assistir de camarote.
E, por outro lado, temos a SPAD, agarrada ao seu estatuto de "vaca sagrada". Querem lá saber dos direitos e do bem-estar dos animais... É abater que os coitadinhos já não têm "qualidade de vida" (presumo que lá na SPAD conheçam os programas de esterilização e outras disposições). O importante é que esteja sempre a entrar dinheiro, se garanta o protocolo com a Câmara e se tirem muitas fotografias...
Nesta semana que passou, uma grande amiga ligou-me, a perguntar se lhe fazia companhia por umas horitas; estava enfadada e apetecia-lhe dois dedos de prosa, enquanto fazia tempo para uma estopada que tinha para fazer. Ainda lhe perguntei se ela não queria sentir as dentadinhas da chibata no dorso, mas não, só miminhos e paleio. Concordei, mas com uma condição: íamos beber um bom chocolate quente. Chegando a esta altura do ano, e então se fizer frio, é o que apetece, e há muito que eu andava de bico doce. Nas nossas deambulações vespertinas pela cidade, lá acabámos na Rua Dr. Fernão de Ornelas (onde constatei, com desagrado, que o Cafôfo ainda não concretizou o desejo da Placa Central, para a instalação de bancos ao longo do arruamento; às tantas para não tirar rendimento às esplanadas dos amiguinhos...), cheia de povo de um lado para o outro, a entrar e a sair das lojas. E a minha amiga, sempre ciente das minhas necessidades, lembrou-se que talvez ali numa das esplanadas eles tivessem chocolate quente, que ia cair que nem ginjas com aquela aragenzinha fresca que soprava da serra, a mesma aragem que já causava um ratinho na barriguinha. Optámos por um estabelecimento que anunciava, num placard, "bolo do caco gourmet", o que me faz imensa confusão, mas enfim... Para começar, o serviço é demorado, pois só ao fim de 6 minutos ali sentados é que um empregado se dignou a avançar para tomar nota dos nossos pedidos. Já não há criadagem como antigamente, é o que é... Pedimos dois chocolates quentes e uma tosta de bolo do caco com queijo e bacon, pedido que levou 5 minutos a ser satisfeito. A cor demasiado clara do chocolate quente, servido em chávenas altas (e ainda por cima sem pires), fez-nos franzir o sobrolho de suspeita, suspeita essa que se veio a confirmar: qual chocolate quente, qual quê!, não passava de um banalíssimo leite quente com Nesquik. Quanto à tosta, miserável, banal, sem nada que transcendesse e justificasse o estatuto que apregoavam. Uma desilusão, meus amigos. Andam a matar estas coisas.
Já agora, ninguém sabe onde se faz um bom chocolate quente nesta terra, daquele com sabor autêntico, que aquece a alma e revigora o corpo? Aceitamos indicações e sugestões.
E por falar em estabelecimentos, esplanadas e outras coisas que tais, a Muuudança continua na sua senda facilitadora, e agora achou por bem fechar metade da Rua Nova de São Pedro, ao que tudo indica, "a pedido dos comerciantes", facto que já contribuiu para deixar quem ali vive em pé de guerra e a barafustar contra tal decisão que, ao que parece, foi tomada e aplicada sem auscultar os moradores. Isto já parece o PPD nos seus tempos áureos do "quero, posso e mando", e, assim como assim, porque seriam Cafôfo & Companhia diferentes no comportamento?
Já agora, se antes se acusava a gestão PSD de beneficiar de favores nos licenciamentos aqui e ali, será que foram prometidas contrapartidas a quem decidiu aprovar tal tolice de fechar metade da Rua Nova de São Pedro? Sei lá, talvez umas ponchas gratuitas ou uns descontos nas broas de mel... Se for o caso, os senhores vereadores da Muuudança que tenham cuidado com as companhias, já que os murganhos sem pescoço são conhecidos por serem excelentes vectores transmissores de doenças. Mas, por outro lado, se se finarem, também não se perde nada.
A Câmara Municipal de Santa Cruz vai anunciar o programa dos 500 anos do concelho, com uma cerimónia especial de início das comemorações em ambiente quinhentista. Atenção, não é invenção minha, é o que consta da nota informativa do Gabinete da Presidência. Ou seja, vão desterrar o pouco que ainda sobra e com isto é que vão enterrar de vez a Câmara que, saliente-se, já não está nada bem desde o anterior mandato. Confesso alguma curiosidade pelo que irá acontecer nesse tal "ambiente quinhentista". Teremos a minorcazinha da Raquel Gonçalves como bôbo da corte, aos pulos pela sala? Ou o pavão do Élvio Sousa armado em menestrel, a assassinar a música? E o Filipe Sousa sentado no trono, qual tiranete feudal? E quanto ao Jorge Baptista, estará preso na picota e exposto à zombaria da populaça?
Já agora, convidaram o Dírio Ramos para denunciar os crimes da realeza e exigir a sua abdicação (com execução) e a entrega do poder aos sovietes? Mas tenham cuidado, não vá a revolução descambar para uma via reformista pequeno-burguesa de fachada socialista...
Isto há com cada um!...
Vá, divirtam-se... mas com juízo.
Cordiais Saudações
Mestre Perverso
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